Fatores que dificultam a compreensão das informações em saúde

De acordo com dados da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) cerca de 40% da população adulta brasileira apresenta algum problema crônico de saúde como hipertensão, dislipidemia, intolerância a glicose ou problemas na coluna.

Estes indicadores mostram que a comunicação em saúde está falha. A comunicação em saúde é um campo que estuda a interação entre diferentes atores como: (1) a comunicação profissional de saúde com o paciente/utente; (2) a comunicação entre a equipe de saúde; (3) a comunicação entre autoridades de saúde (como o ministério) e a população; (4) a comunicação entre pacientes, por exemplo por blogs ou por mídias sociais; (5) a comunicação entre pacientes com interesses similares.

Todo mundo sabe que fumar faz mal mas muita gente fuma. Muitas pessoas sabem que a saúde melhoraria se perdessem alguns quilos ou se fizessem atividade física de forma regular. Mesmo assim, quantas pessoas fumam, estão acima do peso ou sedentárias mesmo tendo muita informação nesta área? 

O segredo passa por conseguir transmitir mensagens fortes, impactantes e emocionais, com as quais as pessoas se identifiquem no seu dia-a-dia. As mensagens também precisam ser adaptadas a cada público em função da idade, da cultura, do estilo de vida, das habilitações, entre outros critérios igualmente importantes.

Devemos também nos atentar aos fatores que dificultam a compreensão das informações em saúde:

  • Baixa alfabetização em saúde: Como grande parte da informação de saúde é transmitida na forma de comunicação escrita, pessoas analfabetas ou com baixa literacia em saúde não podem acessá-las. Assim, a literatura de saúde deve ser feita sob medida para cada público-alvo e escrita em um estilo apropriado ao seu nível de compreensão. Outros meios também podem ser utilizados como filmes ou vídeos.

  • Acesso limitado à Internet: em certas comunidades o acesso à Internet ainda é muito caro, ou talvez até inexistente. Além disso, embora haja informações abundantes sobre a saúde na Internet, ela ainda está fora do alcance das pessoas em contextos com poucos recursos. Dada a importância da Internet na disseminação de informações vitais sobre saúde, deve haver um esforço maior para trazer acesso às comunidades rurais e ao mundo em desenvolvimento. 

  • Falta de atividade de pesquisa nos países em desenvolvimento: Pesquisa e avaliação são necessárias para projetar, desenvolver e implementar intervenções eficazes na área de comunicação em saúde. Os problemas de saúde urgentes no mundo em desenvolvimento são muitas vezes negligenciados. Infelizmente, a maioria das pesquisas é feita com o intuito de resolver problemas de saúde no mundo desenvolvido. Serviços de indexação ocidentais cobrem cerca de 3.000 periódicos, dos quais 98% são de países desenvolvidos

  • Proliferação de informações de saúde de baixa qualidade na Internet: À medida que o volume de conteúdo da Internet aumenta diariamente, os consumidores precisam de ajuda para avaliar a confiabilidade das informações com as quais são bombardeados. Os proprietários de sites devem divulgar sua identidade e informações de contato essenciais de forma clara e honesta.

  • Escassez de recursos humanos na área de saúde. A comunicação pessoal é fundamental para a transmissão de informações e a falta de profissionais de saúde dificulta imensamente este trabalho.

Estratégias para melhorar a comunicação em saúde

  • Agências governamentais e empresas de tecnologia devem colaborar para levar o acesso à Internet a mais domicílios;

  • Investimento na educação da população e em programas de alfabetização em saúde voltados para a comunidade;

  • Formação continuada e online para que profissionais de saúde desenvolvam melhores habilidade comunicacionais;

  • Estratégias de comunicação devem ser orientadas para um público-alvo claramente definido para alcançar o efeito desejável. Existem dois tipos de público-alvo: (a) o alvo primário cujo comportamento deve ser influenciado diretamente e (b) o alvo secundário que pode influenciar o alvo primário, como um membro da família ou agente de saúde com quem o público primário tenha contato.

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  • Escolha e utilização de mídias adequadas a cada objetivo e público: jornal, revista, TV, rádio, mídias sociais, email, mensagens por celular etc. 
Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/