Leucemia e síndrome de Down

O câncer é o nome dado para um conjunto de mais de 300 doenças. Algumas são incomuns na síndrome de Down enquanto a leucemia, um tipo de malignidade hematológica, é muito comum em pessoas com trissomia do cromossomo 21 (T21), principalmente em crianças pequenas. Alterações genéticas envolvendo fatores de transcrição, efetores sinalizadores, modificadores epigenéticos e complexo coesina (para manutenção estrutural do cromossomo) são comuns na T21, aumentando o risco de leucemia mielóide (ML) e leucemia linfoblástica aguda (ALL).

a) leucemia mieloide em pessoas com SD   |     b) leucemia linfoblástica agudaLaurent, Kotecha, & Malinge, 2020

a) leucemia mieloide em pessoas com SD | b) leucemia linfoblástica aguda

Laurent, Kotecha, & Malinge, 2020

O risco de leucemia linfoblástica aguda chega a ser 20 vezes maior em pessoas com síndrome de Down (SD) do que em pessoas sem trissomia do cromossomo 21 (Kubota et al., 2019) e o de leucemia megacarioblástica (AMkL), um tipo de leucemia mielóide mais rara é 500 vezes mais comum na SD (Mateos et al., 2015), associada a alterações no gene GATA1. A leucemia gera um aumento do número de células brancas imaturas (blastos).

A leucemia mielóide aguda é mais comum em crianças entre o 1o e 4o ano de vida. A leucemia linfóide aguda é mais comum entre o 2o e 6o ano de vida. O tratamento é a quimioterapia e os cuidados com a alimentação devem ser redobrados antes, durante e depois uma vez que crianças com SD são mais sensíveis aos efeitos da medicação.

As chances de cura na SD são similares à de pessoas sem a trissomia. Contudo, como na SD há maior estresse oxidativo (Xavier, Ge, & Taub, 2009). A prevenção é o mais importante. Deve-se evitar a exposição à carcinógenos (cigarro, álcool, metais pesados, atividade física para redução do risco de obesidade, alimentação saudável e antiinflamatória). Estudos também mostram que a suplementação de antioxidantes na gestação pode reduzir o risco de leucemia nos filhos. Além disso, o aleitamento é efeito protetor contra a leucemia (Amitay; Keinan-Boker, 2015).

A detecção precoce também é muito importante. Por isso, as crianças não devem ficar desacompanhadas. Quando são muitos os blastos a pessoa desenvolve leucemia e apresenta sintomas como:

  • cansaço excessivo

  • palidez cutânea

  • febre ou suores noturnos

  • Dor nos ossos ou articulações

  • Feridas na pele

  • Sangramento fácil

  • Maior número de infecções

  • Perda de peso

  • Redução do apetite

Por outro lado, há maior expressão de DSCR1, gene que codifica um regulador negativo da sinalização de calcineurina, reduzindo a angiogênese e o desenvolvimento de outros tipos de tumores (Baek et al., 2009). Contudo, com o aumento da expectativa de vida na síndrome de Down, o risco de vários tipos de tumores pode aumentar. Assim, todos devem passar pelos rastreios adequados ao longo da vida, tanto nas mulheres, quanto nos homens. Deve-se seguir as diretrizes das sociedades de oncologia para prevenção do câncer de mama, colo uterino, próstata, coloretal, gástrico, pulmão (para fumantes passivos). A maioria dos rastreios para tumores sólidos começa entre os 40 e 50 anos de vida.

Em relação à dieta durante o tratamento quimioterápico, indica-se a restrição de carboidratos para indução de cetose leve:

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Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/