COMO BAIXAR A PROTEÍNA C REATIVA?

Existem alguns números que você precisa conhecer: seu peso, sua altura, sua pressão arterial, seus níveis de colesterol, de triglicerídeos e sua glicemia (quantidade de açúcar no sangue). É importante também avaliar sua proteína C reativa (PCR), um indicador de inflamação no corpo. Por quê?

A inflamação crônica é a principal causa de danos aos tecidos saudáveis do corpo. Aumenta o risco de diabetes, placas nos vasos sanguíneos, derrame, infarto, depressão, dores articulares, demência na velhice. No entanto, como o pedido do teste de PCR não é um procedimento padrão dos consultórios médicos muitas pessoas passam anos inflamadas sem nem perceberem. O ideal é já checar pela primeira vez ao redor dos 30 anos. Assim, terá um valor de base para comparar todos os outros ao longo da vida.

Como reduzir PCR?

Adote uma dieta antiinflamatória, com características mediterrâneas. Ou seja, pobre em alimentos ultraprocessados, açúcares e rica em gorduras boas vindas de azeite de oliva extra virgem, azeitonas, peixes gordos, abacate, castanhas e sementes. Só isso já reduz a inflamação em pelo menos 20%.

Consuma alimentos ricos em vitamina C como laranja, tangerina, acerola, camu camu, tomate, pimentão, brócolis, abacaxi. Um consumo mais alto de vitamina C ajuda a baixar a inflamação. Outros antioxidantes podem ser necessários e a suplementação adequada, principalmente se você tiver polimorfismos genéticos.

Aumentar o consumo de fibras é outra estratégia importante. Pessoas que consomem mais fibras possuem um risco até 60% menor de aumento de PCR em relação àqueles com dietas pobres em fibras. Frutas, verduras e psyllium ajudam a aumentar o conteúdo de fibras na dieta.

Pare de consumir porcarias. Mas mantenha o chocolate com 70% ou mais de cacau. Estudos mostram que o consumo moderado de cacau reduz a inflamação. Mas se você tiver infecções na boca, no intestino, ou qualquer outro lugar precisa tratar pois não há cacau que dê jeito. Vá ao dentista anualmente e trate a disbiose intestinal.

Além disso, durma bem e reduza o estresse praticando yoga. Um estilo de vida desregrado inflama seu corpo inteiro e, ao longo do tempo, leva ao adoecimento.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

Inflamado? Escolha bem o tipo de gordura que consome

Uma das áreas de pesquisa em nutrição envolve encontrar formas de controlar a inflamação crônica sistêmica (ICS), já que esta contribui para o aumento do risco de várias doenças, como síndrome metabólica, doença cardiovascular, neurodegeneração, câncer, etc.

Um dos principais focos da nutrigenômica é identificar os alimentos ou metabólitos derivados de alimentos que podem modular a expressão de genes inflamatórios. Dentre as dicas para a redução da ICS estão a adoção de uma dieta com características antiinflamatórias, livre de alérgenos (exames nutrigenéticos ajudam na identificação do que faz e do que não faz bem para você) e com escolha adequada de gorduras.

Escolha bem o tipo de gordura que consome

As principais funções dos lipídios na dieta são fornecer energia (9 kcal/g), ácidos graxos essenciais, regular sistemas de sinalização e facilitar a absorção de vitaminas lipossolúveis (A, D, E e K) . Lipídios também ativam genes, tanto inflamatórios quanto antiinflamatórios. Ou seja, dependendo do tipo consumido o impacto nutrigenômico será diferente.

Gorduras são lipídios sólidos à temperatura ambiente

Óleos são lipídios líquidos à temperatura ambiente

Os lipídios dietéticos compreendem ácidos graxos (AGs) e colesterol. Os AGs diferem pelo comprimento das cadeias de carbono e pela ausência ou presença de uma ou mais duplas ligações. Com base nessa segunda característica, existem três classes principais de AGs:

  1. AGs saturados, como ácido palmítico, ácido mirístico e ácido láurico (mais inflamatórios);

  2. AGs monoinsaturados (MUFAs), como o ácido oleico ω-9 (menos inflamatórios);

  3. AGs poliinsaturados (PUFAs), como os ácidos graxos ômega-3 (ou n-3 ou ω-3) (menos inflamatórios) e ômega-6 (ou n-6 ou ω-6) (mais inflamatórios).

Os AGs ω-3 contém a primeira dupla ligação no carbono 3. O ácido linolênico (ALA; 18: 3 ω-3) está principalmente contido em plantas (ou seja, linhaça, canola, soja, nozes, nozes, sementes de chia, etc.), enquanto o ácido eicosapentaenóico (EPA; 20 : 5 ω-3) e ácido docosahexaenóico (DHA; 22: 6 ω-3) estão presentes principalmente em peixes, frutos do mar e algas marinhas. O ácido graxo linoléico é ω-6 (pois a primeira dupla está no carbono 6), fornecido por óleos de sementes, soja, nozes e cereais, enquanto o ácido araquidônico (ARA; 20: 4 ω-6) é encontrado em aves e ovos (Bordoni et al., 2021)

Ácidos graxos saturados (AGS)

Vários AGS são fornecidos por alimentos de origem animal, como carnes, frutos do mar, leite, queijo e ovos). Estes alimentos contém também outros tipos de ácidos graxos, mas em menor quantidade (veja vídeo explicativo abaixo). A manteiga, por exemplo, é uma gordura animal contendo grande quantidade de AGS (52,9 g / 100 g) e colesterol (227 mg / 100 g). A margarina, obtida a partir de óleos vegetais parcialmente hidrogenados, contém menos AGS (8,5 g / 100 g) do que a manteiga, mas é rica em Ácidos Graxos Trans (AGT), que são mais inflamatórios e aumentam o risco de desenvolver doenças cardiovasculares e neuronais. Entre os óleos comestíveis mais comumente usados, o óleo de coco (OC) contém o maior teor de AGS, seguido pelo óleo de palma.

Pessoas com alterações no gene APOE (rs7412 e rs429358) precisam reduzir o consumo de gordura saturada, pois são mais sensíveis, fazendo com que marcadores como proteína C reativa (PCR) aumentem. Além disso, pessoas portadores de APOE ε4 (alelo de alto risco) experimentam maior aumento do colesterol após consumo de gorduras saturadas.

Outros aspectos que alteram o poder inflamatório de um lipídio é sua associação com compostos bioativos e sua estabilidade oxidativa. Por exemplo, o azeite de oliva contém um grande número de substâncias bioativas, como hidroxitirosol, oleuropeína, tirosol e α-tocoferol, que protegem a saúde e dão estabilidade ao óleo. Por ser insaturado o azeite tem tendência a oxidar (perder eletrons quando exposto à luz e ao calor). Por isto, o ideal é comprar em garrafa de vidro escura.

Os efeitos dos AG nas respostas inflamatórias deriva de sua incorporação nos fosfolipídios da membrana celular. Diferentes mediadores lipídicos podem ser gerados a partir de fosfolipídios, que podem aumentar ou lutar contra a inflamação. Com base nisso, os mediadores lipídicos derivados dos PUFAs ω-6 são considerados pró-inflamatórios e estão associados à patogênese dos processos inflamatórios. Já as substâncias derivadas dos PUFAs ω-3 desempenham funções principalmente antiinflamatórias ou pró-resolução, as chamadas resolvinas, protectinas e maresinas.

Já pessoas com variações genéticas das dessaturases de ácidos graxos (FADS) podem estar mais protegidas contra os efeitos nocivos dos ácidos graxos saturados, contanto que suplementem ômega-3 adequadamente.

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Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/