Moduladores seletivos do receptor de androgênio - SARMs

Muitas associações esportivas e treinadores têm observado o uso crescente de SARMs por praticantes de atividade física e atletas.

Estes produtos, desenvolvidos inicialmente para o tratamento do hipogonadismo, sarcopenia e osteoporose ainda encontram em fase de pesquisa. Mesmo assim, o uso recreativo de ligantes de receptores de androgênio, em doses muitas vezes diversas vezes superiores às usadas em pesquisas tem sido descrito por youtubers e em fóruns da internet, principalmente aqueles ligados ao fisiculturismo.

Como funcionam os receptores de androgênio (RA)?

O RA (receptor androgênico) é um complexo aparelho de sinalização com efeitos importantes no desenvolvimento, crescimento e manutenção de tecidos. Pertence a uma família de receptores nucleares para hormônios esteróides. a ligação à hormônios como testosterona e dihidrotestosterona modula sua função como fator de transcrição, ativando no DNA a produção de proteínas.

O efeito da interação entre o RA e o hormônio depende da idade da pessoa, sexo, tipo de tecido e quantidade de hormônio presente. Apesar dos RA serem mais conhecidos pela associação com a maturação sexual masculina, também são importantes para a massa óssea, força, ganho de massa magra, hematopoiese, coagulação, metabolismo e cognição.

A terapia com testosterona é o padrão para o tratamento de hipogonadismo.  Contudo, a utilização nem sempre é bem sucedida pois frequentemente acompanha-se de efeitos colaterais importantes como hipertrofia da próstata, toxicidade hepática, aromatização do estrogênio, ginecomastia, acne, perda de cabelo, aumento do colesterol e atrofia testicular.

Comparados aos andrógenos esteroidais, moduladores seletivos do receptor androgênico (SARMs) parecem ser mais bem tolerados. Dependendo de sua estrutura química, os SARMs podem atuar como agonistas, antagonistas, agonistas parciais ou antagonistas parciais de AR em tecidos diferentes. SARMs são prescritos por médicos para uma ampla variedade de condições, desde a doença de Alzheimer, osteoporose, hiperplasia prostática benigna, câncer de mama, caquexia e distrofia muscular.

Existem SARMs esteroidais e não esteroidais e os representantes podem ser observados na imagem acima. Os SARMs esteroidais são conhecidos há mais tempo, sendo obtidos a partir da testosterona. O primeiro SARM não esteroidal foi apresentado em 1998.

O efeito anabólico dos SARMs também fez com que se popularizassem nas academias, por aqueles que desejam ganho de massa magra. No mundo do bodybuilding há grande disseminação e abuso no uso, mesmo não sendo aprovados pelas agências de saúde.

Existem mais de uma dezena de SARMs vendidos no mercado negro, pela internet. A promessa seria que os SARMs ligariam-se apenas a receptores nos músculos, não causando efeitos negativos na próstata e no fígado.

Contudo, relatórios recentes mostraram que essa segurança não existe. Os SARMs mantém-se na lista de substâncias proibidas da Agência Mundial Antidoping. Pela proibição e falta de regulamentação os produtos vendidos não têm nenhuma garantia. Podem conter na mistura substâncias ainda mais prejudiciais à saúde ou simplesmente ineficazes. Infelizmente, são muitos os que arriscam à saúde na esperança de braços mais fortes ou da barriga chapada.

A nova classe de moléculas ainda está em estudo. Pode ser que no futuro sejam mais seguras mas a fabricação precisaria ser fiscalizada para garantia de qualidade e o uso monitorado por médicos especialistas no esporte, para redução de efeitos colaterais e doenças que ameacem à vida.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/
Share

Para que servem os exames genéticos no esporte?

Muitos fatores afetam a performance atlética, incluindo fatores genéticos aditivos, que combinados influenciam o metabolismo de nutrientes e de todas as vias relacionadas ao exercício. Variações na sequência de DNA em genes relevantes têm sido associadas com capacidade de resistência, desempenho muscular, maior ou menor susceptibilidade a lesões, composição corporal e até aptidão psicológica.

O conhecimento das vantagens e barreiras conferidas pelas variações genômicas torna possível uma abordagem mais personalizada e precisa. Existem três aspectos principais onde o estudo da genética auxilia de maneira direta a performance esportiva:

• Determinação da modalidade: variações no genes ACTN3, por exemplo, estão associados a aptidão para exercícios de força ou de resistência.

• Nutrição do atleta: a nutrigenética permite a avaliação de genes que impactam no metabolismo de nutrientes, na absorção e uso de vitaminas e minerais. Pessoas com uma tendência genética à deficiência podem necessitar suplementação diferenciada para que consigam alcançar maior performance.

• Monitoramento de lesões:
existem variantes genéticas associadas à uma maior predisposição à lesões. Com essa informação o preparo do atleta também passa a ser individualizado, com o objetivo de prevenir a ocorrência dessas lesões.

Falo mais sobre estes aspectos neste vídeo:

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/
Comment
Share

Importância dos probióticos para quem faz muito exercício

Exercícios de longa duração aumentam a permeabilidade intestinal. Ciclistas de longa distância, maratonistas, atletas que treinam várias horas ao dia precisam ter um cuidado maior com o intestino para não ficarem doentes mais tarde na vida. O aumento da temperatura corporal induzido pelo exercício aumenta a permeabilidade intestinal (Pires et al., 2016). As consequências disto são discutidas em texto anterior.

Um pequeno estudo controlado por placebo mostrou que o uso de probióticos (bactérias boas) melhoram o funcionamento intestinal e podem até aumentar o desempenho no esporte. O uso do Lactobacillus plantarum TWK10 foi estudado em 54 desportistas. Após 6 semanas de uso o probiótico foi associado à redução da fadiga, redução da massa gorda, melhoria do desempenho aeróbico. (Huang et al., 2019).

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/
Comment
Share