Os dois suplementos que não podem faltar no tratamento de transtornos psiquiátricos

A relação entre alimentação, suplementação e saúde mental tem sido cada vez mais estudada. Entre os nutrientes mais importantes para o equilíbrio do sistema nervoso estão o ômega-3 e o magnésio. Eles desempenham papéis fundamentais na regulação dos neurotransmissores, na neuroplasticidade e na proteção contra doenças psiquiátricas.

Vamos entender melhor como esses dois suplementos podem fazer diferença na sua saúde mental!

Ômega-3: O Nutriente Essencial para o Cérebro

O ômega-3 é um ácido graxo essencial que compõe as membranas neuronais e desempenha funções cruciais na saúde do cérebro. Ele influencia diversas propriedades biofísicas das membranas celulares, impactando diretamente a função neuronal e a neuroplasticidade.

Principais Benefícios do Ômega-3 para a Saúde Mental:

Componente da membrana neuronal: essencial para a comunicação entre os neurônios.
Desenvolvimento cerebral: crucial durante a gestação, infância e adolescência.
Modulação da função mitocondrial: melhora a produção de energia para os neurônios.
Influência sobre as propriedades biofísicas das membranas neuronais: melhora a função sináptica e neurofisiológica.
Integridade da Barreira Hematoencefálica (BHE): protege o cérebro contra toxinas e inflamação.
Modulação do sistema endocanabinoide: regula o humor e a resposta ao estresse.
Baixos níveis estão associados à redução da atividade dopaminérgica: impactando o prazer e a motivação.
Potencialização do efeito dos antidepressivos: melhora a resposta ao tratamento para depressão.

🔹 Indicado para: Depressão, ansiedade, transtorno bipolar, TDAH e declínio cognitivo.
🔹 Fontes: Peixes de águas frias (salmão, sardinha), linhaça, chia e suplementos concentrados de EPA/DHA.
🔹 Dose recomendada: 1 a 3 g/dia de EPA/DHA, com maior concentração de EPA para depressão.

Magnésio: O Mineral do Equilíbrio Mental

O magnésio é um cofator essencial em mais de 300 reações enzimáticas do organismo, sendo fundamental para o funcionamento adequado do sistema nervoso. Sua deficiência está relacionada a alterações no humor, aumento do estresse e maior vulnerabilidade a doenças psiquiátricas.

Principais Benefícios do Magnésio para a Saúde Mental:

Neurotransmissão sináptica: melhora a comunicação entre os neurônios.
Modulação dos receptores NMDA e AMPA: regula a excitação neuronal, prevenindo estresse oxidativo.
Produção de BDNF (Fator Neurotrófico Derivado do Cérebro): essencial para a neuroplasticidade e proteção neuronal.
Deficiência associada à desregulação do eixo HPA: aumenta o estresse e a ativação do sistema nervoso simpático.
Regulação do sistema GABAérgico: promove relaxamento e redução da ansiedade.
Mantém a permeabilidade da Barreira Hematoencefálica (BHE): protege o cérebro contra inflamação e toxinas.
Aumenta o clearance de beta-amiloide: pode ajudar na prevenção do Alzheimer.
Reduz sintomas de Transtorno de Humor Premenstrual (TMP): melhora o equilíbrio hormonal.
Associado à vitamina B6, reduz a atrofia cerebral: importante no envelhecimento e na menopausa.

🔹 Indicado para: Ansiedade, depressão, insônia, estresse, transtornos de humor e doenças neurodegenerativas.
🔹 Melhores formas: Magnésio bisglicinato, citrato ou treonato
🔹 Dose recomendada: 200 a 400 mg/dia.

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Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

Tipos de Síndrome do Intestino irritável

A Síndrome do Intestino Irritável (SII) é um distúrbio funcional do intestino que afeta o funcionamento do trato digestivo, causando sintomas como dor abdominal, inchaço, gases e alterações no hábito intestinal. Mulheres têm 1,8 a 2,1 vezes mais chances de desenvolver SII do que homens, além de experienciarem sintomas mais severos (JohnBritto et al., 2024). A SII é classificado em três principais tipos, de acordo com o padrão das fezes:

  1. SII-C (Síndrome do Intestino Irritável com Constipação predominante)

    • Fezes duras ou fragmentadas em mais de 25% das evacuações.

    • Fezes moles ou líquidas em menos de 25% das evacuações.

    • Sensação de evacuação incompleta, inchaço abdominal e dor.

Objetivo: Melhorar o trânsito intestinal e reduzir a dor abdominal.

Mudanças no estilo de vida e alimentação:

✅ Dar preferência a alimentos laxativos e aumentar a ingestão de fibras solúveis (aveia, frutas, sementes de chia).
✅ Beber bastante água para ajudar no trânsito intestinal.
✅ Praticar exercícios físicos regularmente.

Tratamentos específicos:

💊 Laxantes osmóticos (como polietilenoglicol ou lactulose) – ajudam a amolecer as fezes.
💊 Agentes procinéticos (como prucaloprida) – estimulam o movimento intestinal.
💊 Medicamentos para dor (como antiespasmódicos ou antidepressivos tricíclicos em baixas doses).
💊 Probióticos – podem ajudar na regulação da microbiota intestinal.

💊 Suplementos de fibras – ajudam a aumentar volume e melhorar a consistência das fezes.

  1. SII-D (Síndrome do Intestino Irritável com Diarreia predominante)

    • Fezes moles ou líquidas em mais de 25% das evacuações.

    • Fezes duras ou fragmentadas em menos de 25% das evacuações.

    • Urgência para evacuar, aumento da frequência intestinal e cólicas.

Objetivo: Reduzir a frequência das evacuações e aliviar o desconforto abdominal.

Mudanças no estilo de vida e alimentação:

✅ Evitar alimentos irritantes (cafeína, álcool, comidas gordurosas, adoçantes artificiais).
✅ Reduzir lactose e glúten, caso agravem os sintomas.
✅ Comer refeições menores e mais frequentes.

✅ Dar preferência a alimentos constipantes.

Tratamentos específicos:

💊 Antidiarreicos (como loperamida) – reduzem a frequência das evacuações.
💊 Rifaximina – antibiótico para casos em que há supercrescimento bacteriano.
💊 Colestiramina – útil para quem tem diarreia por má absorção de ácidos biliares.
💊 Antidepressivos tricíclicos (como amitriptilina) – podem reduzir a dor abdominal e a hipersensibilidade do intestino.

  1. SII-M (Síndrome do Intestino Irritável Misto ou Alternante)

    • Alternância entre episódios de constipação e diarreia.

    • Sintomas variáveis, dificultando o controle e tratamento.

Objetivo: Equilibrar o funcionamento intestinal.

Mudanças no estilo de vida e alimentação:

✅ Ajustar a dieta conforme a fase (mais fibras solúveis na constipação, evitar irritantes na diarreia).
✅ Manter um diário alimentar para identificar gatilhos.
✅ Técnicas de gerenciamento do estresse (meditação, ioga, terapia).

Tratamentos específicos:

💊 Probióticos – ajudam a equilibrar a flora intestinal.
💊 Antiespasmódicos – para alívio das dores e cólicas.
💊 Antidepressivos – em baixas doses, regulam a sensibilidade do intestino.
💊 Medicamentos específicos para evacuação ou controle da diarreia, conforme necessário.

Além desses, há um quarto grupo chamado SII não classificado (SII-U), usado quando os sintomas não se encaixam nos padrões acima.

Outras abordagens úteis para todos os tipos:

✔️ Dieta FODMAP – reduzir certos carboidratos fermentáveis pode melhorar os sintomas.
✔️ Psicoterapia – tratar ansiedade e estresse pode ajudar no controle da SII.
✔️ Fitoterápicos – óleo de hortelã-pimenta pode reduzir cólicas e desconforto.

✔️ Tratamento da disbiose intestinal - aprenda mais aqui.

Por que ansiolíticos e antidepressivos podem ser necessários?

A síndrome do intestino irritável é uma disfunção do eixo intestino-cérebro. Estima-se que sintomas ansiosos atinjam 39,1% das pessoas com SII e sintomas depressivos 28,8%. Indíviduos com SII têm 3 vezes mais chances de desenvolver sintomas depressivos e ansiosos quando comparados à indivíduos saudáveis (Zamani, Alizadeh-Tabari, & Zamani, 2019). Por isso, a medicação e/ou a psicoterapia e outras técnicas psicossomáticas são frequentemente recomendadas (Sasaki, Sutoh, & Abe, 1992). Se estiver sem psicólogo, procure a Julia Maciel para te ajudar a lidar com a parte emocional.

Uma dieta com alta densidade nutricional, rica em frutas e verduras, in natura, com alto consumo de gorduras mono e poliinsaturadas, correção de carências nutricionais faz parte do tratamento intestino-cérebro. A depender dos sintomas podem ser necessárias também enzimas digestivas, cAprenda mais em https://t21.video ou marque sua consulta de nutrição aqui.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

Avaliação metabolômica do estado nutricional de vitaminas do complexo B

Os exames metabolômicos apresentados abaixo analisam marcadores relacionados a vitaminas do complexo B. Não medem diretamente as vitaminas no sangue, mas sim os produtos intermediários do metabolismo que indicam como essas vitaminas estão funcionando no corpo.
Se um metabólito se acumula, isso sugere que a enzima responsável por metabolizá-lo está inativa ou comprometida, geralmente devido à falta de seu cofator vitamínico correspondente.

B-Complex (B1, B2, B3, B5, Ácido Lipóico)

  • Branched Chain Alpha-Keto Organic Acids: <DL

    • Ácidos ceto são associados ao metabolismo dos aminoácidos de cadeia ramificada, que requerem várias vitaminas do complexo B.

    • Dentro da normalidade (< 28.3 nmol/mg de creatinina).

  • α-Ketoglutaric Acid (Ácido α-Cetoglutárico): 19.2 nmol/mg de creatinina

  • Pyruvic Acid (Ácido Pirúvico): 52.5 nmol/mg de creatinina (Elevado)

    • Relacionado à glicólise e ao metabolismo energético.

    • Está acima do valor de referência (< 47.2 nmol/mg de creatinina). Sugere que há dificuldade na conversão do piruvato em Acetil-CoA, um processo que exige vitaminas B1, B2, B3 e B5. Ou seja, a elevação pode indicar um possível déficit nas vitaminas do complexo B (B1, B2, B3, B5) ou disfunção na via do metabolismo energético.

Vitamina B12

  • Methylmalonic Acid (Ácido Metilmalônico): 8.0 nmol/mg de creatinina

    • Indicador altamente sensível para deficiência de B12.

    • Se elevado, sugere deficiência de B12, pois essa vitamina é essencial para a conversão do ácido metilmalônico em succinil-CoA.

    • Dentro da faixa normal (2.7 - 25.9 nmol/mg de creatinina): sem sinais de deficiência de vitamina B12.

Folate (Ácido Fólico)

  • Formiminoglutamic Acid (Ácido Formiminoglutâmico): <DL (abaixo do limite de detecção)

    • Dentro do esperado, já que o valor de referência é < 0.4 nmol/mg de creatinina.

    • Nenhuma indicação de deficiência de folato.

Vitamina B6

  • Pyridoxic Acid (Ácido Piridóxico): <DL (abaixo do limite de detecção)

    • O ácido piridóxico é um metabólito da degradação de vitamina B6.

    • Se muito elevado, pode indicar excesso de B6.

    • Se baixo, não necessariamente representa deficiência, pois pode ser rapidamente metabolizado.

    • Está dentro da faixa normal, pois o valor de referência é < 111.9 nmol/mg de creatinina. Indica ausência de excesso de vitamina B6, mas não necessariamente deficiência.

  • Xanthurenic Acid (Ácido Xanturênico): 3.3 nmol/mg de creatinina

    • Relacionado ao metabolismo do triptofano e da B6

    • Se elevado, sugere deficiência de B6, pois a conversão normal desse metabólito depende da piridoxia

    • Neste exame está dentro da faixa de referência (< 9.5 nmol/mg de creatinina): sem sinais de deficiência de vitamina B6.

Biotina

  • β-Hydroxyisovaleric Acid (Ácido β-Hidroxiisovalérico): 107.8 nmol/mg de creatinina

    • Relacionado ao metabolismo da leucina e à função da metilcrotonil-CoA carboxilase, que depende de biotina.

    • Se elevado, pode indicar deficiência de biotina, pois o corpo não estaria processando adequadamente os ácidos orgânicos.

    • Dentro da faixa normal (25.1 - 223.4 nmol/mg de creatinina): sem sinais de deficiência de biotina.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/