Condutas nutricionais no TDAH

Estudos sugerem que Transtorno de déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) seja causado pela hipoatividade dopaminérgica nas regiões frontais do cérebro, por isso os medicamentos que estimulam essa região (como ritalina) são utilizados. Estes inibem a recaptação da dopamina, assim já poderíamos pensar em suplementos que garantissem os precursores necessários para a síntese dos neurotransmissores.

Entre os motivos que levam a falta de dopamina estão os polimorfismos genéticos, o estresse oxidativo acentuado e a neuroinflamação. Cuidar do intestino ´é fundamental nesse aspecto, reduzindo a inflamação. Simbióticos são muito interessantes.

Precisamos também avaliar a integridade do ciclo do folato para descartar a falta de tetrahidrobiopterina (BH4) esta um cofator importante na síntese de serotonina. Por fim, deve-se estimular o paciente a procurar por atividades comportamentais que estimulem as vias neurais de foco e atenção: o neurofeedback é excelente para isso!

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Ainda não havia para mim ritalina - Gregório Duvivier

A primeira vez que tomei Ritalina eu entendi como é que as pessoas veem o mundo. Entendi que nem todo mundo vai buscar um copo d´água na cozinha e esquece o que foi fazer lá. Entendi que nem todo mundo tem dificuldade de se comunicar por telefone porque tudo o que os olhos veem chama a atenção e fica difícil prestar atenção só no ouvido quando um monte de coisa está acontecendo em frente aos olhos e a ligação termina sem que se tenha a menor ideia do que foi dito. Entendi que as pessoas normais olham pra tela de um computador e tudo o que elas veem é a tela de um computador, e não um portal pra procurar qualquer coisa no Google de dez em dez segundos. Aliás, quem inventou o segundo? Caramba, os sumérios usavam o sistema duodecimal porque contavam cada falange do dedo, excluindo o dedão. E eis que acabo de perder duas horas no fantástico mundo dos sumérios, que inventaram a escrita, as cidades e a cerveja. Benditos sejam os sumérios. Onde é que eu estava?

Confesso que nunca consegui estudar. Ao mesmo tempo sempre gostei de ler. No entanto, só consigo ler aquilo que não deveria estar lendo, como os sumérios, a pronúncia correta de Roraima (ambas são corretas, mas em Roraima se fala Roráima) e qual o analgésico que tem menos efeitos colaterais (dipirona - injustamente proibida fora do Brasil por motivos obscuros que cheiram a boicote da indústria farmacêutica, pronto: mais duas horas perdidas no vale da dipirona). Em toda a minha vida, acho que nunca estudei uma matéria da escola, nem sei ao certo como faz. Nunca consegui abrir um caderno e reler minhas anotações, e um dos motivos pra isso é que nunca fiz anotações, e nem sequer me lembro de ter tido um caderno. Passava as aulas muito ocupado: quando não estava tentando impedir o professor de dar aula, estava olhando pela janela, pensando em outra coisa.

A primeira vez que tomei Ritalina entendi o pessoal que sentava na primeira fila e grudava os olhos no quadro-negro, e assim permanecia até tocar o sino. Esse pessoal excêntrico que não ouvia o cachorro latir na casa ao lado da escola que o lembraria de um cachorro que morreu afogado uns anos antes, logo não sentia uma súbita vontade de chorar sabe-se lá por quê, e não precisaria começar a batucar pra pensar em outra coisa, esse pessoal que não era expulso de sala por estar batucando.

A última vez que tomei Ritalina foi quando percebi que já não consegui mais pensar em nada que eu não quisesse pensar. Foi quando percebi que minha cabeça tinha sido domesticada, e percebi que domar a cabeça é gostoso, mas não domar a cabeça é melhor.

Quando deixei de tomar Ritalina, voltei a pensar nos sumérios, e nos fenícios, no Fluminense, em tudo o que não importa e faz a vida valer a pena. Resumindo: em tudo o que é assunto de crônica. A Ritalina é a morte do cronista, esse diletante profissional.

Do livro Crônicas para ler em qualquer lugar. Ed. Todavia, 2019.

Suplementação mínima: associar Ômega-3 com TDAH Control all in one. Para individualização marque aqui sua consulta.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/
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Chumbo e TDAH

O transtorno do déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) é uma das condições neurológicas mais comuns em crianças. Além disso, é provavelmente a condição crônica mais comum não diagnosticada em adultos. Eu mesma só recebi um diagnóstico aos 45 anos, apesar do problema ter impactado minha vida inteira de várias formas.

Alguns sintomas do TDAH desaparecem com o tempo, mas os sintomas como falta de concentração costumam persistir ao longo da vida de grande parte dos adultos. Fatores biológicos e ambientais cruzam-se como causas do transtorno. Foram identificadas pelo menos 304 alterações genéticas (SNPs) relacionadas ao TDAH (Demontis et al., 2018).

Traumatismo craniano, diminuição do córtex pré-frontal e contato com toxinas e produtos químicos (metais pesados, bisfenol A, compostos aromáticos policíclicos) também podem contribuir com o surgimento ou progressão da doença. Entre os metais pesados estuda-se bastante o chumbo, que é tóxico para o cérebro, especialmente aquele em desenvolvimento (Daneshparvar et al., 2016; Donzelli et al., 2019; Dou et al., 2019).

O chumbo é encontrado em fertilizantes, na solda dos alimentos enlatados, nos ossos de animais, panelas ou utensílios de cerâmica antigos e revestidos com chumbo. Os sintomas da intoxicação incluem dor de cabeça, irritabilidade, distúrbios visuais, dismielinização, alucinações, convulsões, anemia, alterações no sistema reprodutor, renal e hepático, hipertensão arterial, hiperatividade, déficit de memória e aumento da incidência de infecções respiratórias.

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Livros para explicar o TDAH para crianças

Dieta adequada reduz o risco de neurotoxicidade por chumbo

O consumo de alimentos ricos em vitamina C (como frutas cítricas e vegetais) é muito importante já que este nutriente reduz a absorção de chumbo e a toxicidade do metal. Estudos mostram que o alho contém substâncias que também aumentam a eliminação do chumbo (Bautista, Puschner e Poppenga, 2014; Kianoush et al., 2012).

O ômega-3 também diminui a neurotoxicidade gerada pelo chumbo (Singh et al., 2017). Os ácidos graxos ômega-3 são importantes componentes das membranas de neurônios, regulando sua subrevivência, a fluidez das membranas, neurotransmissão, neurogênese e a plasticidade sináptica. A plasticidade sináptica, também conhecida como plasticidade neuronal ou cerebral é a capacidade do tecido nervoso mudar, adaptar-se, moldar-se. Esta característica permite a formação de memórias, a aprendizagem, o foco.

A carência de ômega-3 aumenta as alterações de humor, o comportamento desafiador, a irritabilidade e as dificuldades de aprendizagem (Hawkey & Nigg, 2015). Um estudo com suplementação de ômega-3 em alta dosagem contribuiu para melhoria dos sintomas cognitivos em jovens com TDAH (Chang et al., 2019).

Associar Ômega-3 com TDAH Control all in one. Para individualização marque aqui sua consulta.

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OUTRAS TERAPEUTICAS

  • PSICOTERAPIA - A terapia cognitivo-comportamental é indicada nos casos leves;

  • MEDICAÇÃO - psicoestimulantes e antidepressivos podem ser utilizados nos casos mais graves;

  • TERAPIA OCUPACIONAL E FONO - trabalho de habilidades para facilitar leitura, aprendizado

  • YOGA E MEDITAÇÃO - para aprender a focar - curso de formação com maior custo-benefício

  • AROMATERAPIA - para redução da ansiedade

Eu tenho TDAH e não paro na cadeira nem na hora da entrevista, mas está tudo certo:

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Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/
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