Modulação intestinal na esquizofrenia

A relação entre a resistência a insulina (RI) e doenças do SNC tem descrita na literatura científica há pelo menos 10 anos. A Doença de Alzheimer, por exemplo, costuma ser descrita como Diabetes Tipo 3. Neste trabalho os pesquisadores mostram a relação entre RI e esquizofrenia. Quanto maior a RI maior a probabilidade do paciente não responder ao primeiro tratamento medicamentoso. Desta maneira estratégias que minimizem a RI, como o aumento das concentrações do hormônio GLP-1 com prebióticos, são muito bem vindas para aumentar as chances de sucesso na terapia destes pacientes. Isso faz parte da modulação intestinal necessária para melhoria da função cerebral.

A variedade de doenças e processos de doenças nos quais a microbiota está envolvida, incluindo transtornos psiquiátricos e neurodegenerativos, dor, ansiedade, estresse, síndrome do intestino irritável (SII), derrame, compulsão e obesidade (Cryan et al., 2019)

O que é esquizofrenia?

A esquizofrenia é um distúrbio neural debilitante complexo e heterogêneo, que tem se mostrado uma das condições psiquiátricas mais difíceis de tratar. É caracterizada por disfunções neurocomportamentais positivas e negativas, incluindo, mas não se limitando a, psicose, disfunção cognitiva, delírio, apatia e retraimento social.

Parece existir um papel para a resposta imune do trato digestivo na patogênese da esquizofrenia. Fatores de risco como infecção por Toxoplasma gondii, intolerâncias alimentares, inflamação GI e defeitos da barreira celular intestinal foram descritos nestes pacientes. Assim, além dos fatores genéticos, existem evidências de fatores etiológicos ambientais na apresentação dos sintomas da esquizofrenia.

Um estudo recente realizou uma análise metagenômica da microbiota orofaríngea em indivíduos esquizofrênicos e controles saudáveis, identificando grandes diferenças nos níveis de filo e gênero. Proteobacteria, Firmicutes, Bacteroidetes e Actinobacteria apresentaram a maior divergência entre as duas coortes, com os fungos Ascomycota presentes em maior abundância em pacientes com esquizofrenia.

Nenhum estudo ainda teve sucesso na alteração de quaisquer sintomas comportamentais positivos ou negativos ao examinar o potencial para intervenção probiótica na esquizofrenia, em linha com a natureza severa e complexidade do transtorno. No entanto, alguns relatórios indicaram que pelo menos algum alívio induzido por probióticos de problemas intestinais comumente associados à esquizofrenia são possíveis.

Um estudo encontrou uma associação entre os níveis de Candida albicans e desconforto intestinal, onde uma tendência para melhora dos sintomas psiquiátricos positivos ocorreu em homens tratados com uma formulação probiótica (contendo L. rhamnosus GG e B. animalis subsp. Lactis Bb12 ). Combinadas, as informações acumuladas estão ajudando a descobrir toda uma nova gama de opções de tratamento em potencial para doenças psiquiátricas graves, incluindo a consideração do conforto intestinal e da melhoria da resposta glicêmica. Obviamente, mais trabalhos são necessários para aumentar a compreensão das contribuições do eixo microbiota-intestino-cérebro na esquizofrenia, aumentando o tamanho da amostra e a análise longitudinal.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/