Contribuição média da genética para dislipidemias

Entende-se por dislipidemia a elevação de colesterol e triglicerídeos no plasma ou a diminuição dos níveis de HDL (high-density lipoprotein), fatores que contribuem para o aumento do risco de aterosclerose, infartos e derrames, especialmente quando há oxidação pelo baixo consumo de antioxidantes.

As causas das dislipidemias podem ser primárias (genéticas) ou secundárias. O diagnóstico é realizado pela medida das concentrações totais de colesterol, triglicerídios e lipoproteínas individuais. O tratamento envolve alterações alimentares, atividade física e, às vezes, o uso de medicação.

As causas genéticas da dislipidemia podem ser monogênicas (um gene alterado) ou poligênicas (muitos genes alterados). As dislipidemias monogênicas são causadas por variantes raras do DNA e têm forte impacto no fenótipo. Testes genéticos para dislipidemias monogênicas podem ser clinicamente úteis. As dislipidemias poligênicas são devidas a múltiplas variantes genéticas comuns. A utilidade clínica da pontuação poligênica não é clara neste momento.

Atualmente, 25 dislipidemias monogênicas têm base genética molecular bem estabelecida. Estes tendem a ser caracterizados por níveis extremos de colesterol de lipoproteína de baixa densidade, triglicerídeos, colesterol de lipoproteína de alta densidade e/ou outros lipídios.

As dislipidemias monogênicas podem estar associadas a manifestações clínicas como déficit de crescimento, aterosclerose acelerada, opacidades da córnea, xantomas, pancreatite ou neuropatia.

A hipercolesterolemia familiar, a dislipidemia monogênica mais conhecida, está associada à aterosclerose acelerada. A forma heterozigótica ocorre em cerca de 1 em 250 pessoas.

A hipertrigliceridemia grave tem 50-100 vezes mais probabilidade de ter origem poligênica do que monogênica, mas o teste genético pode ser útil em certas formas, como a quilomicronemia familiar.

Os testes genéticos podem ser benéficos em vários cenários clínicos. Por exemplo, sabemos o que fazer em alguns casos para prevenir infartos e derrames:

  • Abetalipoproteinemia: redução de gordura na dieta, uso de altas doses de vitaminas lipossolúveis

  • Xantomatose cerebrotendinosa: uso de ácido quenodesoxicólico

  • Doença de armazenamento de éster de colesterol: uso de sebelipase

  • Hipercolesterolemia familiar: uso de PCSK9 ou lomitapida

  • Sitosterolemia: redução do consumo dietética de esteróis, uso de ezetimiba

O teste genético pode ser realizado por meio de triagem direcionada para variantes de DNA conhecidas ou triagem de todas as posições de nucleotídeos de DNA de ≥1 gene ou exoma.

Os testes genéticos ainda são caro e, na maior parte, não são cobertos pelos seguros de saúde. A opção é o acompanhamento das análises bioquímicas.

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Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/