A serotonina é produzida a partir de triptofano em reação dependente da enzima triptofano hidroxilase que converte triptofano em 5-hidroxitroptofano (5-HTP). Este é convertido em serotonina através da enzima L-aminoácido descarboxilase. A serotonina é posteriormente degradada em ácido 5-hidroxiindolacético (5-HIAA) pela monoamina oxidase.
5-HTP E DEPRESSÃO
Deficiências no aminoácido triptofano (precursor do 5-HTP) estão correlacionadas com a depressão. A diminuição dos níveis de triptofano no corpo pode vir de vários meios, mas é provavelmente causada por uma dieta carente do aminoácido ou pela regulação positiva de enzimas (mais notavelmente indoleamina 2,3-dioxigenase (IDO) e triptofano 2,3 -dioxigenase (TDO)) que degradam o triptofano ou o direcionam para vias que não são a síntese de serotonina, causando uma deficiência relativa. Essas enzimas também podem ser reguladas positivamente em estados de inflamação crônica (Taylor, & Feng, 1991).
No caso da depressão é melhor suplementar 5-HTP do que triptofano pois este pode ser desviado para a produção de niacina ou construção de proteínas, enquanto o 5-HTP tem como único destino a síntese de serotonina. O 5-HTP também atravessa facilmente a barreira hematoencefálica.
A atividade da triptofano hidroxilase também pode ser ainda mais regulada negativamente em casos de deficiência de magnésio ou vitamina B6, estresse ou níveis excessivos de triptofano. A suplementação de 5-HTP é usada para aumentar os níveis de serotonina no corpo e demonstrou ser eficaz no tratamento de doenças como a depressão. Também demonstrou eficácia na regulação do sono e do apetite.
Um estudo comparando a eficácia do 5-HTP com a fluvoxamina descobriu que o 5-HTP teve um desempenho tão bom quanto a fluvoxamina em termos de efeitos antidepressivos (Rondanelli et al., 2009). Um estudo que envolveu participantes com distúrbios do sono usando uma combinação de aminoácidos de 5-HTP e GABA, juntamente com outros ingredientes, observou uma diminuição no tempo que os participantes levavam para adormecer, bem como melhorias na duração e qualidade geral do sono (Birdsall, 1988).
Uma dose típica de 5-HTP está na faixa de 300-500 mg, tomada uma vez ao dia ou em doses divididas. Doses mais baixas também podem ser eficazes, embora geralmente quando combinadas com outras substâncias. A combinação de e GABA e 5-HTP (entre outros ingredientes, como valeriana e polifenóis de cacau) diminui o tempo necessário para adormecer, com melhorias concomitantes na duração e qualidade do sono, conforme avaliado pelo Índice de Qualidade do Sono de Pittsburgh (PSQI) (Shell et al., 2010).
O 5-HTP também pode desempenhar um papel na perda de peso (8 mg/kg), pois tende a gerar aumento da saciedade após a suplementação. Um estudo observou que a ingestão de alimentos foi reduzida de uma média de 2.903 kcal para 1.819 kcal (62% da linha de base). Os efeitos de perda de peso foram observados com 750 mg de 5-HTP durante 2 semanas em diabéticos com sobrepeso e durante 12 semanas em pessoas obesas que receberam 900 mg de 5-HTP diariamente (Cangiano et al., 1998; Cangiano et al., 1992). Com o objetivo de reduzir a ingestão de alimentos, o 5-HTP deve ser tomado durante as refeições, pois aumenta a saciedade proveniente da ingestão de alimentos (em vez de reduzir o apetite/fome).
Quais são as principais desvantagens do 5-HTP?
Não foram observados relatórios de toxicidade com doses iguais ou inferiores a 50 mg/kg de peso corporal. No entanto, doses de 100-200 mg/kg de peso corporal foram associadas à síndrome serotoninérgica em animais de laboratório quando administradas isoladamente. A síndrome serotoninérgica é uma condição grave causada por altos níveis de serotonina no organismo. Não há relatos de toxicidade em doses normais, e deve-se observar que a síndrome da serotonina causada pela suplementação de 5-HTP não foi observada em humanos, quando usada isolada. Contudo, a suplementação de 5-HTP não é recomendada com medicamentos neurológicos ou psiquiátricos prescritos para fins antidepressivos ou outros fins cognitivos, a menos que seja autorizado por um médico. Isto é mais importante para o uso de inibidores de recaptação de serotonina, pois a combinação com 5-HTP pode levar à síndrome serotoninérgica, que é potencialmente letal.
Algumas pessoas sentem-se mais agitadas com o uso do 5-HTP. Uma hipótese é que bactérias do intestino estejam transformando a substância em aminas biogênicas que exercem efeito adrenérgico/noradrenérgico e, portanto, geram maior estimulação. Assim, é importante corrigir a disbiose antes de pensar no 5-HTP via oral. Outra sugestão é baixar a dose em 50% e subir aos poucos conforme o intestino melhora. Uma terceira alternativa seria o uso da via sublingual. (VO). Podemos ainda trocar o 5-HTP isolado pela planta Griffonia simplicifolia, de onde o 5-HTP é frequentemente extraído. A Griffonia pode ser uma opção com menor risco de efeitos adversos, devido ao seu teor menos concentrado de 5-HTP e presença de compostos naturais que podem moderar sua ação. Uma última opção é o uso do 5-HTP via sublingual.
Algumas pessoas podem não ter melhorias da depressão com o uso do 5-HTP. Isto porque a baixa de serotonina não é o único fator que explica o problema. Além de alterações de genes como o do receptor para serotonina (5-HT1A) alguns pacientes podem ter outras alterações genéticas como de transportador de serotonina (5-HTTLPR), BDNF e receptores glicocorticoides. Além disso, existe uma forte influência epigenética na depressão e muitos fatores metabólicos que devem ser corrigidos. Falo mais deste tema neste outro post e na plataforma https://t21.video.