A dermatite atópica é uma doença inflamatória crônica da pele associada à disfunção da barreira cutânea e à hiperatividade do sistema imunológico. Muitas vezes, está relacionada a outras condições atópicas, como asma, rinite alérgica e alergias alimentares.
Dermatite atópica e IgE elevada
As IgE (imunoglobulinas E) são anticorpos envolvidos em reações alérgicas. Na dermatite atópica, especialmente nas formas mais graves, os níveis de IgE no sangue podem estar muito elevados. O aumento da IgE indica uma hipersensibilidade alérgica, mas nem sempre está diretamente relacionado à gravidade da dermatite atópica.
Causas do aumento da IgE
Predisposição genética: Mutações no gene FLG (filagrina) podem comprometer a barreira da pele, facilitando a penetração de alérgenos e ativando a produção de IgE.
Exposição a alérgenos: Pólen, poeira, pelos de animais, alimentos ou substâncias químicas podem estimular a produção de IgE.
Disbiose intestinal e alteração do microbioma cutâneo (desequilíbrio das bactérias presentes na pele).
Fatores ambientais: Poluição, clima seco, estresse.
Possíveis tratamentos
Evitar gatilhos alérgicos: Testes alérgicos (RAST, prick test) para identificar possíveis alérgenos.
Manter a pele hidratada: Uso de emolientes e cremes barreira para reduzir o ressecamento.
Corticosteroides tópicos ou inibidores da calcineurina (tacrolimus, pimecrolimus) para reduzir a inflamação.
Anti-histamínicos (se a coceira for intensa e desconfortável).
Imunomoduladores sistêmicos (em casos graves): Dupilumabe (anticorpo monoclonal que reduz a ação das IgE), ciclosporina.
Dieta equilibrada e probióticos: Podem ajudar a modular a resposta imunológica.
Modulação intestinal
A modulação intestinal pode desempenhar um papel importante no controle da dermatite atópica (DA), pois o intestino tem uma forte conexão com o sistema imunológico e a resposta inflamatória. A dieta e a saúde do microbioma intestinal influenciam diretamente a barreira cutânea, a produção de IgE e a inflamação sistêmica.
1. Relação entre o intestino e a dermatite atópica
O intestino abriga 70% do sistema imunológico, sendo essencial para equilibrar a resposta inflamatória. A disbiose intestinal (desequilíbrio das bactérias benéficas e patogênicas) pode aumentar a permeabilidade intestinal (intestino "permeável" ou "vazado"), permitindo a passagem de toxinas e alérgenos para a corrente sanguínea, o que pode desencadear inflamação e agravar a dermatite atópica. Pacientes com DA frequentemente apresentam redução de bactérias benéficas (como Lactobacillus e Bifidobacterium) e um aumento de bactérias patogênicas.
2. Estratégias para modulação intestinal na DA
A) Uso de probióticos
Estudos indicam que probióticos específicos podem ajudar a reduzir a inflamação e melhorar a barreira cutânea. Algumas cepas eficazes incluem:
Lactobacillus rhamnosus GG
Bifidobacterium lactis
Lactobacillus reuteri
Esses probióticos podem ser consumidos por meio de alimentos fermentados (iogurte natural, kefir, chucrute) ou suplementos.
B) Uso de prebióticos
Prebióticos são fibras que alimentam as bactérias benéficas do intestino.
Estão presentes em frutas, vegetais, aveia, linhaça, alho, cebola e aspargos.
C) Alimentação anti-inflamatória
Aumentar o consumo de alimentos ricos em ômega-3: Peixes gordurosos (salmão, sardinha), linhaça e chia ajudam a reduzir a inflamação.
Vegetais e frutas coloridas: Fornecem antioxidantes que protegem a pele.
Carnes magras e proteínas vegetais: Evitam picos inflamatórios associados ao excesso de proteínas animais processadas.
Evitar açúcar e ultraprocessados: Reduzem a inflamação e evitam o desequilíbrio do microbioma.
D) Avaliação de alergias alimentares e dieta individualizada
Algumas pessoas com DA podem ter hipersensibilidade alimentar, especialmente a leite, glúten, ovos, nozes e frutos do mar.
Testes alérgicos (RAST, IgE específica, dieta de exclusão) podem ajudar a identificar gatilhos.
A dieta deve ser ajustada conforme a resposta individual do paciente.
Conclusão
A modulação intestinal por meio da dieta e do uso de probióticos/prebióticos pode ser uma abordagem complementar eficaz para o tratamento da dermatite atópica. Aprenda a tratar o intestino aqui.