Como a genômica nutricional pode melhorar a dieta? | Nutrição Personalizada

Os alimentos interferem na expressão de genes. A ciência que estuda as interações entre o genótipo o epigenótipo e o ambiente (dieta, atividade física, condições do bebê durante a vida intrauterina, infecções, qualidade do sono, uso de medicamentos ou drogas, microbiota intestinal, contato com disruptores endócrinos, estresse psicológico, condição socioeconômica, consumo alimentar). A genômica nutricional é uma área de estudo dentro da ciência da nutrição. Tenta compreender a interação entre genes e nutrientes e fornecer dados preditivos acerca do risco de problemas de saúde. Falo mais sobre o tema neste vídeo:

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

Nutrição de precisão: a ciência da nutrição individualizada e que leva em conta a sua genética

Dieta e atividade física são fundamentais para a prevenção, gerenciamento e redução das consequências negativas associadas às doenças crônicas (como hipertensão, diabetes e esteatose hepática). Estudos mostram a importância de uma dieta rica em fibras, alimentos nutricionalmente densos (cheios de aminoácidos, gorduras boas, vitaminas e minerais) como frutas, verduras, grãos integrais, leguminosas, castanhas e sementes. Apesar de a maioria das pessoas já conhecerem a importância da dieta saudável, implementar mudanças na rotina alimentar é um desafio para muita gente. Além dos conhecimentos, a mudança requer habilidades para planejamento e preparo de alimentos saudáveis, acesso a estes alimentos, motivação e apoio para mudar práticas. Fatores sociais e comportamentais também influenciam a tomada de decisões em relação a um estilo de vida saudável.

Fora isso, existe toda uma variabilidade genética que faz com que gostemos e aproveitemos os alimentos de forma diversa. Os avanços no sequenciamento do genoma humano e o surgimento das disciplinas nutrigenética e nutrigenômica têm ajudado a transformar a nutrição. Uma maior compreensão da interação entre nutrientes, genes, comportamento e ambiente permite, por exemplo, recomendações nutricionais personalizadas com base na predisposição genética de um indivíduo para doenças.

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O campo da nutrigenética examina as influências dos genótipos associados às doenças crônicas comuns nas respostas às mudanças na dieta. Por exemplo, a doença fenilcetonúria é causada por uma ampla variedade de mutações no gene PAH (12q22-q24.2) que codifica a fenilalanina hidroxilase. Pessoas com estas mutações não podem consumir o aminoácido fenilalanina, que, por não ser metabolizado, gera retardo mental. A fenilalanina está presente em produtos lácteos, carne, peixe, frango, ovos, feijão, nozes e adoçantes artificiais. Mais recentemente, estudos nutrigenéticos identificaram polimorfismos em genes que codificam as enzimas metilenotetrahidrofolato redutase (MTHFR) e metionina sintase (MTR). Normalmente, essas enzimas facilitam o metabolismo do folato e auxiliam na regulação da síntese e reparo do DNA, mas os polimorfismos sem sentido estão associados ao aumento do risco de câncer de mama em indivíduos com baixa ingestão de folato, vitamina B6 e vitamina B12.

A nutrigenômica é um campo complementar que busca identificar como os compostos bioativos da dieta afetam a expressão de genes que regulam as vias metabólicas implicadas em doenças crônicas. Estudos nutrigenômicos mostraram que deficiências de folato e de colina interrompem os perfis de expressão gênica envolvidos no metabolismo lipídico e potencialmente influenciam o risco de desenvolver esteatose hepática não alcoólica. Já quando o selênio está deficiente na dieta há o aumento da expressão de citocinas pró-inflamatórias que contribuem para o aumento do risco de doenças cardíacas e vários tipos de câncer.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

Exames genéticos fornecem dados úteis para a prevenção de doenças

A nutrigenética estuda a influência da variabilidade genética entre os indivíduos em relação às suas necessidades nutricionais, ao estado de saúde e ao risco de desenvolver doenças. Dentre as variações estudadas no DNA, destaca-se o polimorfismo de nucleótido simples (NSP), que consiste numa pequena variação na sequência de DNA que afeta apenas uma base na sequência do genoma.

Resultado genético de paciente hipotético

Resultado genético de paciente hipotético

A identificação precoce de SNPs contribui para o planejamento de intervenções nutricionais individualizadas. Um caso muito estudado é o polimorfismo do folato. Os ciclos do folato e da metionina compartilham algumas etapas, das quais a enzima metilenotetrahidrofolato redutase (MTHFR) participa catalisando a conversão da vitamina B9 inativa (folato) na forma ativa (metilfolato).

Entre as variações genéticas mais estudadas no gene da MTHFR está o polimorfismo rs1801133 ou C677T (troca de uma base nitrogenada do tipo citosina por uma timina na posição 677 do gene). Este SNP resulta em uma MTHFR com atividade reduzida, em 30% nos heterozigotos e 65% nos homozigotos. Esta variação genética compromete reações de metilação e aumenta o risco de doença cardiovascular. A correção é feita por meio de suplementação da vitamina B9 na forma ativa.

Outro polimorfismo comum é o da TCN2. Este gene codifica a proteína transcobalamina, que transporta a vitamina B12 para os tecidos periféricos. O SNP TCN2 776C>G gera a substituição de uma prolina por uma arginina na posição 259 da TCN2 e foi relacionado com menores concentrações de holo-TC no sangue. A concentração de TCN2 pode ser quantificada por meio da dosagem de holo-transcobalamina (holo-TC), que é o complexo TCN2 ligado à vitamina B12. Concentrações plasmáticas reduzidas de holo-TC (<45 pmol/L) indicam deficiência tecidual. Esta situação é comum em mulheres grávidas de bebês com problemas de fechamento do tubo neural, veganos, adultos com doenças coronarianas, pacientes com câncer ou com doença de Alzheimer.

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