Estímulos trazem mudanças incríveis para o desenvolvimento e para a neuroplasticidade, melhorando drasticamente o desempenho físico, cognitivo, emocional e criativo. Fora os estímulos normais oferecidos pelos pais, muitas crianças precisam do apoio de terapias para desenvolverem-se bem. É o caso das crianças com necessidades especiais.
A dieta fornece nutrientes fundamentais ao cérebro e ao desenvolvimento. Aminoácidos, vitaminas do complexo B e magnésio são alguns dos nutrientes importantes para a produção de neurotransmissores em todos nós. Outros pacientes precisam também de dietas especializadas, seja por necessidade aumentada de nutrientes, seja para compensar dificuldades de deglutição, para ajustes devido à alergias/intolerâncias ou em decorrência de uma microbiota alterada.
Sensibilidades alimentares e disbiose intestinal podem aumentar a inflamação e a tensão no corpo e na mente. Existem, por exemplo, crianças que desenvolvem problemas motores por conta de dor na barriga e rigidez no abdômen, causada pelo consumo de certos alimentos.
Mas existe também como modular genes alterados para que expressem-se menos e não causem tantos problemas de saúde prematuros. Epigenética é o estudo dos genes e como podemos ajudá-los a se expressarem da melhor maneira possível. Todos nós possuímos inúmeras variações genéticas e seu entendimento facilita a individualização de procedimentos e também da dieta.
Muitas pessoas estão começando a aprender, por exemplo, sobre metilação. A metilação é uma das vias bioquímicas mais famosas em epigenética. Talvez você tenha ouvido falar do MTHFR. Esse gene dá origem à enzima de mesmo nome, responsável por direcionar a expressão genética e reparo do DNA, modular a resposta inflamatória, aumentar a produção de substâncias antioxidantes e que ajudam a eliminação de toxinas. Problemas nas vias de metilação são comuns e podem gerar problemas na formação e degradação de neurotransmissores, modificando toda a química cerebral. Quando esta via é corrigida, muita coisa melhora, inclusive a cognição. Essa é então uma das questões que analisamos no autismo.
Toda a família deve ser cuidada
Tenho uma amiga que tem um filho com autismo (TEA) grave que foi processada pela vizinha porque a criança faz muito barulho. Criticar os outros é tão fácil. Mas muito mais produtivo é estender a mão, ir lá e perguntar pra mãe: do que você precisa? Em que posso te ajudar? Artigo publicado na revista PlosOne aponta que mães de crianças com autismo ou deficiência intelectual possuem duas vezes mais risco de morte do que a população em geral. O nível de estresse, o cansaço, o impacto financeiro é gigante. Como você fica quando passa duas noites sem dormir? Tem mães que estão há meses, anos ou décadas sem dormir. Imagina isso!
Durante o período do estudo em questão, as mães de crianças com deficiência intelectual ou TEA tiveram 40% mais chances de morrer de câncer; 150% mais chances de morrer de doenças cardiovasculares e quase 200% mais chances de morrer por outros contratempos do que outras mães. Mãe tem que se cuidar também e nem sempre consegue. Será que você pode ajudar para aquela que você conhece tenha um minutinho de paz para tomar um banho, para comer, escovar os dentes, dormir, fazer uma atividade física? Se o filho da vizinha está se jogando no chão e fazendo birra e não queremos, não temos tempo ou não podemos ajudar, tudo bem. Mas não precisamos complicar ainda mais o que já estão tão complicado.