Mulheres com deficiência de magnésio são mais inflamadas e possuem maior risco de doença autoimune

As mulheres têm maior propensão a doenças autoimunes do que os homens, e isso se deve a uma combinação de fatores biológicos, hormonais e genéticos. Alguns dos principais motivos incluem:

  1. Diferenças hormonais: Os hormônios femininos, especialmente os estrogênios, desempenham um papel importante na modulação do sistema imunológico. Eles podem aumentar a atividade do sistema imunológico, o que pode tornar as mulheres mais suscetíveis a desenvolver doenças autoimunes. Já os hormônios masculinos, como a testosterona, tendem a ter um efeito imunossupressor, ou seja, reduzem a atividade do sistema imunológico.

  2. Genética: As mulheres possuem dois cromossomos X (uma característica genética que difere dos homens, que têm um cromossomo X e um Y). O cromossomo X contém muitos genes que regulam o sistema imunológico, e ter dois cromossomos X pode aumentar a probabilidade de respostas imunológicas mais intensas ou erradas. Isso pode aumentar o risco de doenças autoimunes, já que o sistema imunológico pode atacar erroneamente as células do próprio corpo.

  3. Resposta imunológica mais forte: Em geral, as mulheres tendem a ter uma resposta imunológica mais vigorosa do que os homens, o que é benéfico em termos de defesa contra infecções. No entanto, essa resposta aumentada pode, por outro lado, contribuir para o desenvolvimento de doenças autoimunes, onde o sistema imunológico ataca tecidos e órgãos saudáveis.

  4. Fatores ambientais e estilo de vida: Embora menos estudados, fatores como o estresse, a alimentação e a exposição a certos agentes ambientais podem interagir com fatores genéticos e hormonais, podendo contribuir para a maior incidência de doenças autoimunes nas mulheres. A deficiência de magnésio, por exemplo, tem sido associada a vários problemas de saúde, incluindo inflamação e um risco aumentado de doenças autoimunes. O magnésio reduz inflamação e estresse oxidativo.

Deficiência de magnésio contribui para inflamação por vários mecanismos (Liu, & Dudley Jr, 2020)

A deficiência desse mineral pode afetar a função do sistema imunológico e aumentar a inflamação no corpo, o que pode contribuir para o desenvolvimento de doenças autoimunes, como artrite reumatoide, lúpus e esclerose múltipla.

O magnésio é essencial para várias reações bioquímicas no corpo, incluindo aquelas que regulam o sistema nervoso, cardiovascular e muscular, além de ter propriedades anti-inflamatórias.

A deficiência de magnésio pode alterar a função das células do sistema imune, influenciando a produção de citocinas inflamatórias e favorecendo um ambiente propenso a doenças autoimunes. A deficiência intracelular de magnésio (Mg) (Mgi↓) induz estresse oxidativo e disfunção mitocondrial.

A deficiência de Mg regula negativamente a cadeia de transporte de elétrons (ETC) e aumenta a produção de espécies reativas de oxigênio (ROS). A deficiência de Mg também suprime o sistema de defesa antioxidante com níveis reduzidos de proteínas, como manganês SOD (MnSOD) e catalase. A deficiência de Mg regula negativamente a ATP sintase (F0F1) e diminui a produção de ATP. A deficiência intracelular de Mg inibe o transporte de Mg para as mitocôndrias por meio da proteína de splicing 2 do RNA mitocondrial (MRS2) e promove o efluxo de Mg (Mgm) mitocondrial por meio do SLC41A3.

Sintomas adicionais (além da inflamação) da deficiência de magnésio

A deficiência de magnésio pode causar vários sintomas, que variam de leves a mais graves. Alguns dos sintomas comuns incluem:

  1. Cãibras musculares: Podem ocorrer principalmente nas pernas e pés.

  2. Fadiga e fraqueza: Sentir-se constantemente cansado ou sem energia.

  3. Espasmos ou tremores musculares: Movimentos involuntários nos músculos.

  4. Irritação e mudanças de humor: A deficiência de magnésio pode afetar o sistema nervoso, causando ansiedade, estresse ou depressão.

  5. Problemas para dormir: Insônia ou dificuldade para adormecer.

  6. Náuseas e vômitos: Em alguns casos, as pessoas podem sentir mal-estar estomacal.

  7. Palpitações ou ritmo cardíaco irregular: O magnésio é essencial para a função cardíaca adequada.

  8. Ossos fracos ou dor nas articulações: O magnésio é importante para a saúde óssea, e sua deficiência pode afetar a força dos ossos.

A ingestão diária recomendada (RDA) de magnésio varia de acordo com a idade e as necessidades individuais, incluindo condições específicas como gravidez e lactação. Para mulheres, as recomendações gerais são as seguintes:

Ingestão Diária Recomendada (RDA) de Magnésio para Mulheres:

  • 19 a 30 anos: 310 mg por dia

  • 31 anos ou mais: 320 mg por dia

  • Gravidez (19-30 anos): 350 mg por dia

  • Gravidez (31 anos ou mais): 360 mg por dia

  • Amamentação (19-30 anos): 310 mg por dia

  • Amamentação (31 anos ou mais): 320 mg por dia

Esses valores são baseados em orientações gerais para a população saudável. Para mulheres que têm deficiências de magnésio ou problemas médicos específicos, as necessidades podem ser diferentes e a recomendação deve ser ajustada de acordo com a orientação de um profissional de saúde.

Fontes de Magnésio por 100g de alimento

  1. Sementes de abóbora:

    • 592 mg de magnésio

    • Excelente fonte de magnésio, além de ser rica em proteínas e antioxidantes.

  2. Amêndoas:

    • 270 mg de magnésio

    • Também são ricas em vitamina E, gorduras saudáveis e fibras.

  3. Espinafre (cozido):

    • 87 mg de magnésio

    • Uma excelente opção vegetal, rica em ferro e outros nutrientes.

  4. Castanha de caju:

    • 292 mg de magnésio

    • Boa fonte de proteínas e gorduras saudáveis.

  5. Chocolate amargo (70% cacau):

    • 228 mg de magnésio

    • Além de ser rico em magnésio, o chocolate amargo é uma fonte de antioxidantes.

  6. Sementes de chia:

    • 335 mg de magnésio

    • Essas sementes também fornecem ácidos graxos ômega-3 e fibras.

  7. Feijão preto (cozido):

    • 70 mg de magnésio

    • Boa fonte de proteínas vegetais e fibra alimentar.

  8. Abacate:

    • 29 mg de magnésio

    • Embora a quantidade não seja tão alta quanto as outras fontes, o abacate é rico em gorduras saudáveis.

  9. Bananas:

    • 27 mg de magnésio

    • Fonte prática e acessível, além de ser rica em potássio.

Se você está lidando com sintomas de deficiência de magnésio ou preocupação com doenças autoimunes, é importante agendar sua consulta de nutrição para ajuste de sua dieta e suplementação.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/