A doença hepática relacionada à fibrose cística (CFLD) é uma complicação significativa da fibrose cística (FC), caracterizada por obstrução dos ductos biliares, inflamação hepática e fibrose. Evidências crescentes sugerem que a disbiose intestinal, ou um desequilíbrio na microbiota intestinal, desempenha um papel importante na patogênese da CFLD. Estudos utilizando modelos de camundongos com FC forneceram insights cruciais sobre como as alterações na microbiota intestinal contribuem para a disfunção hepática.
Principais Mecanismos que Ligam a Disbiose Intestinal à CFLD em Camundongos
1) Alteração na Composição da Microbiota Intestinal
Camundongos com FC apresentam redução na diversidade microbiana, com aumento de bactérias pró-inflamatórias (como Enterobacteriaceae) e diminuição de bactérias benéficas (como Lactobacillus e Bifidobacterium). Esse desequilíbrio prejudica a homeostase intestinal, levando ao aumento da permeabilidade intestinal e à inflamação sistêmica.
2) Disfunção da Barreira Intestinal e Maior Translocação Bacteriana
A deficiência de CFTR compromete a integridade da mucosa intestinal, permitindo que bactérias passem do intestino para o fígado através da veia porta. Endotoxinas bacterianas, como lipopolissacarídeos (LPS), desencadeiam inflamação hepática ativando células de Kupffer e outras respostas imunes.
3) Desregulação dos Ácidos Biliares
Camundongos com FC apresentam secreção biliar prejudicada e alteração na sinalização intestino-fígado dos ácidos biliares, favorecendo o crescimento de microbiota patogênica. A disfunção no metabolismo dos ácidos biliares contribui para a colestase e lesão hepatocelular.
4) Inflamação Crônica no Fígado e Fibrose
O aumento de metabólitos bacterianos e endotoxinas induz a produção de citocinas pró-inflamatórias (IL-6, TNF-α, IL-1β), promovendo a fibrose hepática. A inflamação derivada do intestino exacerba a ativação das células estreladas hepáticas, levando à progressão da fibrose e cirrose.
Possíveis Abordagens Terapêuticas
Uso de Prebióticos: Fibras específicas que ajudam a restaurar a microbiota benéfica e reduzir a permeabilidade intestinal.
Moduladores de Ácidos Biliares: Compostos como ácido ursodesoxicólico (UDCA) podem ajudar a regular o fluxo biliar e reduzir a lesão hepática.
Agentes Anti-inflamatórios: Visam reduzir a inflamação hepática induzida por LPS para retardar a progressão da doença.
Uso de enzimas pancreáticas e reposição de vitaminas, ajuste de calorias, carboidratos, proteínas e gorduras para melhoria do estado nutricional.
Lipase
Bebês até 12 meses de vida: 2.000 a 4.000 U lipase /120 mL de fórmula ou 1.000-2.000 U de lipase/g de gordura nos alimentos
Crianças de 1 a 4 anos: 2.000 a 4.000 U lipase/g de gordura. A dose pode ser aumentada até 10.000 U/KgP conforme necessidade.
A partir dos 4 anos: 500 U lipase/kg/refeição até 2.500 lipase/Kg/refeição ou 10.000 U lipase/kg/dia ou 2.000 a 4.000U lipase /g de gordura das refeições, lanches, bebidas (Neri et al., 2022).