Nem todo mundo deseja emagrecer

Sou nutricionista, especialista em práticas integrativas e mantive um consultório por mais de 10 anos. Sempre começava minhas consultas com uma pergunta, como "o que te traz aqui?". Esta é uma pergunta importante mas certas vezes quando perguntava algo assim para um paciente obeso recebia de volta: "O que você acha?", ou "não é óbvio?". 

Eu posso achar muita coisa, afinal todos tem opinião. Mas óbvio não é. Diferentes pessoas precisam de coisas diferentes, desejam coisas diferentes. Alguns chegam com colesterol alto, outros com dores nas costas, outros querem emagrecer, enquanto outros querem apenas aprender a preparar pratos mais saudáveis. O emagrecimento muitas vezes é recomendado por médicos e nutricionistas por questões de saúde, mas presumir que todos querem emagrecer, que desejam uma dieta hipocalórica, que admiram a mesma estética é um erro grande e, infelizmente, comum.

Um exemplo, existem pessoas com peso saudável e colesterol alto. Podem ser pessoas que não comem muita carne ou comida industrializada. Podem ser até veganos e estarem com o colesterol alto. Os exames de colesterol, HDL e LDL podem apresentar alterações por um processo de disbiose onde há absorção de endotoxinas ou até mesmo por situações de stress.

O mesmo acontece dentro da sala de yoga. Sou especialista em práticas integrativas e meu interesse só cresce nesta área. Fiz mestrado, doutorado, pós-doutorado em áreas distintas mas nunca deixei de me interessar por terapias complementares. E hoje não vejo outro caminho. A nutrição não é solução para tudo, nenhuma área é. O ser humano é extremamente complexo e seu equilíbrio depende de um conjunto de fatores, incluindo condição sócio-econômica, grau de escolaridade, acesso à alimentação saudável, grau de estresse na vida, prática de atividade física, dentre tantos outros fatores.

Assim, ter uma barriga tanquinho não é necessariamente desejo de uma pessoa, só porque ela apareceu em uma aula de ginástica. Emagrecer pode ser ou não desejo de alguém que se matricula em uma aula de yoga ou entra em um consultório médico. Não temos como presumir. Não existem desejos universais, cada pessoa quer uma coisa, sente-se bem em diferentes situações, fazendo coisas diferentes, seguindo planos alimentares distintos. Aliás, existem inúmeras razões para alguém entrar em uma aula de yoga e emagrecer não costuma ser a mais relevante.

Tenho todos os tipos de pacientes: jovens magros saudáveis, jovens magros não saudáveis, jovens gordos saudáveis, jovens gordos não saudáveis, adultos magros saudáveis, adultos magros não saudáveis, adultos gordos saudáveis, adultos gordos não saudáveis. O mesmo se repete para idosos, gestantes, crianças etc.  Ou seja, o peso pode ser um problema ou não. Daí como nutricionista não posso julgar nem o corpo, nem as escolhas de ninguém. E o contrário, não seria o mesmo? Afinal, a competência de um profissional de saúde (nutricionista, médico, educador físico, terapeuta etc) não se mede pelo peso. Existem profissionais ruins, regulares, bons, ótimos com todos os pesos, certo?

Dito isso, é claro que trabalho com perda de peso, com reeducação alimentar, com a alimentação saudável como uma ferramenta para a melhoria da vitalidade e da qualidade de vida. Como nutricionista é meu papel alertar que a má alimentação relaciona-se ao aumento de risco de uma série de condições como hipertensão, doenças cardiovasculares, diabetes, certos tipos de câncer, problemas no fígado... Assim, precisamos colocar na balança os prós e contras em se emagrecer ou não. Foi pensando nisto que escrevi em 2016 o artigo Ponto de equilíbrio entre a Ciência da Nutrição e “Fat Studies”  publicado na revista científica Demetra.

Como é meu trabalho com os clientes que chegam a mim desejando emagrecer? Trabalho dentro de uma abordagem integrativa com orientações nutricionais, em geral aliada a reprogramação emocional, técnicas de coaching (ou autocoaching), meditação e yoga.

Saiba mais sobre minha consultoria de emagrecimento online.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

O papel do nutricionista

O meio do ano está chegando e uma nova temporada de vestibulares. Nesta época sempre recebo perguntas de alunos sobre minha área. Nutrição é uma profissão de nível superior regulamentada pela Lei nº 8234/1991. Um dos papeis importantes do nutricionista é a tradução de evidências científicas complexas em soluções práticas que gerem mais saúde e bem estar para todos.

A internet traz muita notícia sobre alimentação, o que acaba confundindo muita gente. Assim, nutricionistas são parte valiosa de equipes de saúde multiprofissionais contribuindo para a prevenção e tratamento do diabetes, de doenças cardíacas, câncer, alergias, obesidade... Individualizam planos alimentares, pensam programas que atendam às necessidades exclusivas de clientes e comunidades. 

O aperfeiçoamento contínuo é um valor central na área de saúde, já que novas pesquisas surgem a todo o momento. Por isto, o nutricionista passará a vida estudando. Mas é prazeroso e divertido. Abaixo deixo uma lista de artigos que publiquei sobre a profissão ao longo dos anos.

A nutrição evoluiu muito desde que me formei em 1997 e hoje trabalho na área de genômica nutricional e nutrição de precisão.

Para ter certeza que encontrou um profissional qualificado observe se o mesmo está inscrito no conselho de nutricionistas e se tem se mantido atualizado.

Conheça também meu canal no YouTube.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

A grande culpada pela obesidade no mundo: a indústria de alimentos ultraprocessados

A indústria de alimentos ultraprocessados está entre os grandes responsáveis pela epidemia de obesidade no mundo. Aprenda mais no vídeo. Acompanhe o blog: AndreiaTorres.com.br Biografia: Andreia Torres nasceu no Rio de Janeiro mas morou quase toda a vida em Brasília, onde fez graduação, especializações, mestrado, doutorado e pós-doutorado.

Alimentos ultraprocessados são formulações criadas pela moderna indústria de alimentos, com pouco ou nenhum alimento fresco e grandes quantidades de óleo, sal e açúcar, além de muitas outras substâncias. São exemplos de alimentos ultraprocessados: refrigerantes, biscoitos e salgadinhos de pacote, gelatinas industrializadas, refrescos em pó, temperos prontos, margarinas, iogurtes industrializados, queijinhos petit suisse, macarrão instantâneo, sorvetes, biscoitos recheados, achocolatados e outras guloseimas.

Aos alimentos ultraprocessados podem ser adicionados amidos modificados, isolados de proteínas, soro de leite, gordura hidrogenada, açúcar, óleo, sal e todo o grupo dos aditivos químicos, como conservantes, acidulantes, corantes, espessantes, estabilizantes, adoçantes. Os aditivos usados nos alimentos ultraprocessados têm como função prolongar duração dos produtos e torná-los tão ou mais atraentes do que os alimentos verdadeiros e naturais.

Mas além de um perfil nutricional desequilibrado, os processos e os ingredientes utilizados no ultraprocessamento atrapalham o controle natural da fome e saciedade, fazendo com que as pessoas desenvolvam compulsão e gerando ganho de peso. Estes alimentos também tem uma digestão muito fácil, contém pouca ou nenhuma fibra alimentar, são absorvidos muito rapidamente, estimulam muito a insulina, o estoque de gordura e geram hipoglicemia de rebote, aumentando a fome. Fora isso, os alimentos ultraprocessados são produzidos para serem "irresistíveis". De fato, pra muita gente é quase impossível comer um só e isso inclusive é dito, na maior cara de pau, na propaganda desses produtos.

E  não é só isso! O ultraprocessamento dos alimentos é muito ruim para o meio ambiente, pois gera uma grande quantidade de resíduos sólidos e requer maior consumo de água e de energia em comparação aos alimentos minimamente processados. Também representa risco à diversidade de espécies. Como a lógica da indústria é reduzir custos, compram apenas um tipo de laranja, um tipo de milho ou de soja. É muita coisa pra gente pensar.

Classificação brasileira é aceita e testada em várias partes do mundo

A classificação dos alimentos baseada na extensão e propósito do processamento industrial foi proposta por grupo de pesquisadores brasileiros e é hoje adotada em muitos países. De acordo com a clasificação NOVA seriam quatro os grupos de alimentos: (grupo 1) alimentos in natura ou minimamente processados; (grupo 2) ingredientes culinários (óleos, gorduras, sal e açucares), (grupo 3) alimentos processados e (grupo 4) produtos ultraprocessados. Esta classificação recebeu duras críticas de pesquisadores norteamericanos e irlandeses ligados à indústria dos alimentos. Mesmo assim, pesquisas realizadas em várias partes do mundo mostram que a classificação faz sentido e que pessoas que consomem mais alimentos ultraprocessados apresentam maior risco de obesidade e doenças crônicas não-transmissíveis.

Estudo, usando esta classificação, com mais de 450.000 pessoas de 10 países europeus mostrou que a redução de 10% dos alimentos ultraprocessados (refrigerantes, balas, sorvetes, alimentos defumados etc) reduz risco de câncer de cabeça, pescoço, esôfago, intestino, mama... (Kliemann et al., 2023).

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/